domingo, 15 de novembro de 2009



3. Fenômeno

Quando eu abri meus olhos essa manhã, algo estava diferente.
Era a luz. Ainda estava a luz cinza-esverdeada de um dia nublado na floreta, mas estava mais claro de alguma forma. Eu percebi que não havia nenhuma névoa vendando minha janela.
Eu me levantei pra olhar lá fora, e então gemi horrorizada.
Uma fina camada de neve cobria o jardim, varria a parte de cima da minha caminhonete, e deixava a estrada toda branca.
Mas essa não era a pior parte.

Toda a chuva de ontem tinha congelado, virado gelo — cobrindo o topo das árvores em fantástico padrões deslumbrantes, e cobrindo a calçada com um gelo mortal. Eu tive bastante dificuldade para não cair no chão seco; poderia estar mais seguro para eu voltar agora para cama.

Charlie tinha ido para o trabalho antes de eu descer escada abaixo. De muitos modos, vivendo com Charlie tinha como eu ter meu próprio lugar, e eu fiquei me divertindo sozinha, mesmo sem ter ninguém.

Eu joguei rapidamente no chão uma tigela de cereal e um pouco de suco de laranja da caixa de papelão. Eu me sentia excitada para ir para a escola, e isso me assustou. Eu sabia que não era o estímulo do ambiente, percebi que estava me antecipando, ou meu novo grupo de amigos. Eu tinha que ser honesta comigo mesma, eu sabia que estava ansiosa para chegar a escola porque eu veria Edward Cullen.

E isso era mesmo muito estúpido.

Eu deveria o estar evitando completamente depois de minha conversa desmiolada e embaraçosa ontem.
E eu suspeitava dele; por que ele deveria mentir sobre os olhos dele? Eu ainda estava amedrontada pela hostilidade que eu às vezes sentia emanando dele, e eu ainda ficava com a língua-amarrada sempre que olhava a face perfeita dele.
eu estava plenamente cosciente que nás eramos opostos que não se atraíam. Então eu não devia estar absolutamente tão ansiosa pra ver ele hoje.
Eu tive que usar toda a minha concentração pra conseguir sobreviver á descida nos tijolos cobertos se gelo da entrada. Eu quase perdí o equilíbrio quando finalmente cheguei á caminhonete, mas eu conseguí me agarrar no retrovisor e me salvar. Claramente, hoje seria um pesadelo.
Dirigindo para a escola, eu me distraí do medo de cair e as minhas especulações não desejadas sobre Edward Cullen e pensando em Mike e Eric, e na diferença óbvia em como os garotos adolescentes me tratavam aqui.
Eu tinha certeza que era exatamente a mesma que era em Phoenix. Talvez fosse só porque os garotos de Phoenix me viram passar por todas as fases estranhas da adolescencia e ainda pensavam em mim daquele jeito. Talvez fosse porque eu era novidade aqui, onde as novidades são algo muito raro. Talvez o meu jeito desajeitado fosse visto como uma coisa mais encarecedora do que patética, me transformando numa donzela ao invés de algum tormento. Qualquer que fosse a razão, o comportamento de cãozinho de Mike e a aparente rivalidade de Eric eram desconcertantes.Eu não tinha certeza que não preferia ser ignorada.
Minha caminhonete parecia não ter problemas com o gelo preto que cobria a estrada. apesar disso, eu dirigi bem devagar pra não cravar uma espécie de trilha na rua principal.
Quando eu saí do meu carro na escola eu ví porque eu tive tão poucos problemas.
Algo prateado chamou minha atenção, e eu caminhei para o fundo da caminhonete - segurando cautelosamente o suporte lateral- para examinar os meus pneus. Haviam pequenas correntes cruzadas em formatos de diamantes ao redor deles. Charlie deve ter acordado sabe-se lá que horas pra colocar as correntes nos meus pneus. De repente eu sentí minha garganta apertando. Eu não estava acostumada a ser cuidada, e a preocupação de Charlie me pegou de surpresa.
Eu estava no canto de trás da minha caminhonete, tentando lutar com a onda de emoções que as correntes de neve troxeram, quando eu ouví um som estranho. Era como um arranhão muito alto, estava rapidamente se tornando dolorosamente alto. Eu olhei para cima,estarrecida.
Eu ví várias coisas simultâneamente. Nada estav se mexendo em câmera lenta como acontece nos filmes. ao invés disso, a adrenalina pareceu fazer o meu cérebro trabalhar muito mais rápido, e eu fui capaz de absorver em detalhes claros várias coisas ao mesmo tempo.
Edward Cullen estava parado quatro carros á minha frente me encarando horrorizado. O rosto dele se destacou do mar de rostos, todos petrificados com a mesma expressão de choque. Mas de mais imediata importância havia uma van azul escura derrapando, pneus guinchando contra os freios, girando selvagemente no gelo do estacionamento. Ia bater num dos cantos traseiros da minha caminhonete, e eu estava entre eles. Eu nem tive tempo de fechar os meus olhos. Logo antes de ouvir o barulho de algo se quebrando vindo da carroceria da minha caminhonete, alguma coisa bateu em mim, forte, mas não da direção que eu estava esperando. Minha cabeça bateu contra o gelo empretecido, e eu senti alguma coisa sólida e fria me pressionando no chão. Eu estava deitada no chão atrás do carro de pintura queimada que estava estacionado próximo ao meu.
Mas eu não tive a chance de prestar atenção em mais nada porque a van ainda estava vindo. Ela havia feito uma curva no fundo da minha caminhonete, e ainda girando e deslizando, estava prestes a colidir comigo de novo.
Uma voz baixa me disse que alguem estava comigo,e a voz era impossível não reconhecer. Duas mãos longas, brancas ficaram protetoramente na minha frente e a van parou a um palmo de distância de mim, as mãos grandes cabendo perfeitamente num vão profundo na lateral da van. As mãos dele se moveram tão rápido que ficaram fora de foco.
Uma delas estava de repente agarrando o fundo da van, e alguma coisa estava me puxando,empurrando minhas pernas como se elas fossem de uma boneca de trapo até que elas encostaram no pneu do carro com a pintura queimada. O baque de um som metáloco fez meus ouvidos doerem, e a van estava estabilizada no chão, vidro caindo no asfalto - exatamente onde minhas pernas haviam estado.
Tudo ficou absolutamente silencioso por um longo segundo antes da gritaria começar.Mas mais claramente que a gritaria, eu podia ouvir a voz baixa, desesperada de Edward no meu ouvido.
"Bella? Você está bem?"
"Eu estou bem". Minha voz soou estranha. Eu sentei sentar, e me dei conta que ele estava me apertando do lado do corpo dele com muita força.
"Tenha cuidado",ele avisou quando eu relutei," eu acho que você bateu bem forte com a cabeça".
Eu me dei conta de uma dor pulsante centrada bem acima da minha orelha esquerda.
"Au", eu disse, surpresa.
"Foi o que eu pensei". "A voz dele, incrivelmente, fez parecer que ele estav prendendo uma risada.
"Como diabos..." eu parei, tentando limpar minha mente,me orientar.
"Como é que você chegou aqui tão rápido?"
"Eu estava parado bem ao seu lado, Bella" ele disse, seu tom estava sério de novo.
Eu tornei a sentar, e dessa vez ele deixou, soltando o seu braço da minha cintura e escorregando pra o mais longe de mim que foi possível no espaço limitado. Eu olhei para a expressão preocupada, inocente dele e mais uma vez estava disorientada pela força dos seus olhos dourados. O que é que eu estava perguntando a ele?
E então eles nos encontraram, uma multidão de pessoas com lágrimas saindo dos olhos e escorrendo pelo rosto, gritando umas para as outras, gritando para nós.
"Não se mexam" alguém instruiu.
"Tirem Tyler da van!" outra pessoa gritou.
Havia um fluxo de atividade ao nosso redor. Eu tentei levantar, mas as mãos frias de Edward me puxaram pra baixo pelo ombro.
"Fique quieta por enquanto".
"Mas está frio", eu reclamei. Eu me surpreendí quando ele gargalhou baixinho.
Havia uma margem no som.
"Você estava bem alí", de repente eu lembrei, e a gargalhada dele parou na hora. "Você estava perto do seu carro".
A expressão dele ficou dura. "Não, eu não estava."
"Eu ví você". Tudo ao nosso redor estava um caos. Eu pude ouvir a voz áspera de adultos se aproximando da cena. Mas eu obstinadamente me mantive na nossa discussão; eu estava certa, e ele ia ter que admitir.
"Bella, eu estava em pé com você, e eu te tirei do caminho." Ele usou todo o poder imenso, devastador do seu olhar em mim, como se estivesse tentando me comunicar algo crucial.
"Não", eu apertei minha mandíbula.
O dourado dos seus olhos brilhou. "Por favor, Bella".
"Porque?" eu perguntei.
"Confie em mim." ele alegou, a voz dele opressiva.
Eu podia ouvir o som de sirenes agora. "Você promete que vai me explicar tudo depois?"
"Tá bom" ele disse, subtamente exasperado.
"Tá bom", eu repeti enfurecida.
Foi preciso seis paramédicos e dois professores- Sr. Varner e treinador Clapp- para afastar a van o suficiente pra trazer macas até nós. Edward veementemente recusou a dele, e eu tentei fazer o mesmo,mas o traidor contou a eles que eu tinha batido a minha cabeça e que provavelmente tinha tido uma concussão. Eu quase morrí de humilhação quando eles colocaram o suporte de pescoço. Parecia que a escola inteira estava lá, assistindo sóbriamente enquanto eles me colocaram no fundo da ambulância. Edward pôde ir na frente.
Era enlouquecedor.
pra piorar a situação, o chefe Swan chegou antes que eles pudessem me colocar a uma distância segura.
"Bella!", ele gritou em pânico quando me reconheceu na maca.
"Eu estou completamente bem, Char- pai.", eu suspirei. "Não tem nada errado comigo."
Ele se virou para o paramédico mais próximo para pedir uma segundo opinião. Eu desliguei ele da minha mente pra tentar considerar a confusão de imagens inexplicáveis se agitando loucamente na minha cabeça.
Quando eles me tiraram de perto do carro, eu pude ver um buraco profundo na lateral do carro do carro com a pintura queimada- uma cavidade muito distinta que se ajustava ao contorno dos ombros de Edward...como se ele tivesse se forçado contra o carro com força suficiente para danificar a estrutura de metal...
E lá estava a família dele, olhando de longe, com expressões que iam da desaprovação á furia mas que não continham nenhuma espécie de preocupação com a segurança do irmão.
Eu tentei encontrar uma solução lógica que pudesse explicar o que havia acabado de ver- uma solução que excluísse a possibilidade de eu ser louca.
Naturalmente, a ambulância conseguiu uma escolta policial. Eu me sentí ridícula em cada intante enquanto eles me tiravam de lá. O que piorou a situação foi que Edward entrou no hospital por suas próprias pernas. Eu apertei meus dentes.
Eles me colocaram na sala de emergência, uam sala longa com uma fileira de camas separadas por cortinas em tom pastel. Uma enfermeira colocou um medidor de pressão arterial no meu braço e um termometro embaixo da minha língua. Já que ninguém se incomodou em puxar a cortina para me proferir alguma privacidade, eu decidí que não era mais obrigada a usar aquele suporte para pescoço ridículo.
Quando a enfermeira foi embora, eu rapidamente soltei o Velcro e joguei ele embaixo da cama.
Houve outro fluxo do pessoal do hospital, outra maca foi trazida para o meu lado. Eu reconhecí Tyler Crowley da minha aula de História embaixo das bandagens apertadas na cabeça dele que estava coberta de sangue. Tyler pareceu 100 vezes pior do que eu me sentia.
Mas ele estava me encarando ansiosamente.
"Bella, me desculpe."
"Eu estou bem, Tyler- você parece horrível, está tudo bem?" Enquanto falávamos, as enfermeiras começaram a tirar as bandagens encharcadas dele, deixando expostas uma porção de cortes superfíciais em toda a sua testa e na bochecha esquerda.
Ele me ignorou. "Eu pensei que fosse matar você!Eu estav indo rápido demais e batí errado no gelo..."
Ele choramingou enquanto a enfermeira tocava o seu rosto de leve.
"Não se preocupe com isso; você errou a pontaria."
"Como é que você saiu do caminho tão rápido? Você estava lá, e de repente não estava mais..."
"Umm... Edward me tirou do caminho."
"Quem?"
"Edward Cullen- ele estava do meu lado." Eu sempre mentí muito mal; eu não soei nem um pouco convicente.
"Cullen? Eu não ví ele...uau, foi rápido demais, eu acho. Ele está bem?"
"Eu acho que sim. Ele tá aqui, em algum lugar, mas eles não o fizeram usar uma maca".
Eu sabia que eu não estava louca. O que aconteceu? Não havia nenhuma forma de explicar o que tinha visto.
Então eles me levaram pra fazer um raio-x. Eu disse a eles que não havia nada errado comigo, e eu estava certa. Nem uma concussão. Eu perguntei se podia ir embora, mas a enfermeira disse que eu tinha que falar com um médico antes. Então eu estava presa na sala de emergência, esperando, sendo molestada pelos pedidos contantes de desculpa de Tyler e pelas promessas de que ele ia me recompensar.
Eu tentei convencê-lo de que estava bem, mas ele continuou se atormentando. Finalmente, eu fechei os meus olhos e ignorei ele. Ele continuou com o seu discurso cheio de remorso.
"Ela está dormindo?", perguntou uma voz musical. Meus olhos se abriram.
Edward estava no pé da minha cama, sorrindo. Eu encarei ele. Não foi
fácil- seria mais natural admirá-lo.
"Ei, Edward, eu lamento muito -" Tyler começou.
Edward levantou a mão para parar ele.
"Sem sangue, sem danos ",ele disse mostrando seus dentes brilhantes.
Ele foi se sentar na borda da cama de Tyler, me encarando. Ele sorriu de novo.
"Então, qual é o veredito?" ele me perguntou.
"Não tem absolutamente nada de errado comigo, mas eles não querem me deixar ir embora.", eu reclamei.
"Como é que você não está acorrentado numa cama como o resto de nós?"
"Tudo depende dos seus contatos", ele respondeu. "Mas não se preocupe, eu vim pra te animar."
Nessa hora um médico virou no corredor e o meu queixo caiu. Ele era jovem, ele era loiro... e muito mais bonito do que qualquer estrela de cinema que eu já tenha visto. No entanto, ele era pálido e parecia cansado, com círculos embaixo dos olhos. Pela descrição de Charlie, esse tinha que ser o pai de Edward.
"Então senhorita Swan", Dr. Cullen disse numa voz notavelmete atraente, "como é que você está se sentindo?"
"Eu estou bem", eu repetí pela última vez,eu esperava.
Ele caminhou para o painél de luz em cima da minha cabeça, e o ligou.
"Seu raio-x parece bom", ele disse. "A sua cabeça está doendo?Edward disse que você bateu com força."
"Ela está bem", eu repeti com um suspiro, olhando de relance na direção de Edward.
Os dedos frios do doutor tatearam levemente no meu crânio. Ele percebeu quando eu gemí.
"Delicado?" ele perguntou.
"Na verdade não", podia ser pior.
Eu ouví uma gargalhada e olhei pra ver o sorriso complacente de Edward. Eu revirei os olhos.
"Bem, o seu pai está na sala de espera- você pode ir pra casa com ele agora. Mas volte se você tiver vertigens ou se tiver qualquer problema com a sua visão."
"Eu posso voltar para a escola?", eu perguntei, imaginando Charlie tentando ser atencioso.
"Talvez você devesse pegar leve hoje".
Eu dei uma olhada pra Edward. "Ele vai poder voltar para a escola?"
"Alguém tem que espalhar a boa notícia que nós sobrevivemos", Edward disse fazendo chacota.
"Na verdade", Dr. Cullen corrigiu. "Parece que toda a escola está na sala de espera."
"Ah não", eu gemí cobrindo o rosto com as mãos.
Dr. Cullen ergueu as sobrancelhas. "Você quer ficar?"
"Não, não!" Eu insisti jogando as minhas pernas pelo lado da cama e me colocando rápido de pé. Rápido demais- eu cambaleei, e Dr. Cullen me sugurou. Ele pareceu preocupado.
"Eu estou bem." Eu assegurei pra ele. Não tinha porque dizer pra ele que os meus problemas com o equilíbrio não tinham nada a ver com o fato de eu ter batido com a cabeça.
"Tome Tylenol para a dor" ele sugeriu enquanto me sustentava.
"Não dóe tanto", eu insisti.
"Parece que você teve muita sorte", Dr. Cullen disse enquanto assinava a meu quadro com um gesto floreado.
"Sorte que Edward estava do meu lado", eu emendei com um olhar duro na direção do objeto da minha declaração.
"Oh, bem, sim", Dr. Cullen concordou, subitamente ocupado com uns papéis na frente dele.Depois ele olhou pro outro lado, pra Tyler, e andou até a próxima cama. Minha intuição flutuou; o Dr. sabia de tudo.
"Eu temo que você terá que ficar conosco um pouco mais de tempo". Ele disse para Tyler e começou a checar os cortes dele.
Assim que o Dr. ficou de costas eu me aproximei de Edward.
"Será que eu posso falar com você por um minutinho?" eu cochichei por baixo do fôlego. Ele deu um passo se afastando de mim, sua mandíbula subitamente apertada.
"Seu pai está esperando por você", ele disse entre dentes.
Eu olhei de relance pra Dr. Cullen e Tyler.
"Eu gostaria de falar com você em particular, se você não se incomodar.", eu pressionei.
Ele me olhou fixamente, e depois me deu as costas e caminhou pelo longo quarto. Eu praticamente tive que correr para acompanhá-lo.
Assim que viramos na curva para um pequeno corredor, ele se virou para me encarar.
"O que você quer?" ele perguntou, parecendo aborrecido. Seus olhos eram frios.
A expressão nada amigável dele me intimidou. Minhas palavras sairam com menos severidade do que eu pretendia. "Você me deve uma explicação", eu lembrei ele.
"Eu salvei a sua vida- eu não te devo nada"
Eu vacilei com o resentimento na voz dele. "Você prometeu."
"Bella, você bateu com a cabeça, você não sabe do que está falando"
o tom dele era cortante.
Agora o meu temperamento estava em chamas, eu encarei ele desafiadoramente. "Não tem nada errado com a minha cabeça".
Ele me encarou de volta. "O que você quer de mim, Bella?"
"Eu quero saber a verdade," eu disse."Eu quero saber porque estou mentindo por você."
"O que você acha que aconteceu?", ele soltou.
Saiu num sopro.
"Tudo o que eu sei é que você não estava em nenhum lugar perto de mim- Tyler também não viu você, então não diga que eu batí muito forte com a cabeça. Aquela van ia esmagar nós dois- e não esmagou, e as suas mãos deixaram buracos na lateral dela- e você deixou um buraco na lateral daquele outro carro, e você não está absolutamente machucado. E a van devia ter amassado as minhas pernas, mas você estava segurando ela..." Eu tinha noção do quanto aquilo soava louco, e eu não pude continuar. Eu estava com tanta raiva que podia sentir as lágrimas chegando; eu tentei forçá-las a desaparecer apertando os meus dentes juntos.
Ele estava me olhando incrédulo. Mas o rosto dele estava tenso, na defensiva.
"Você acha que eu tirei uma van de cima de você?". O tom dele questionava a minha sanidade, mas só me deixou mais suspeitas. Era como uma fala perfeitamente decorada por um ator talentoso.
Eu simplesmente afirmei com a cabeça uma vez, mandíbula apertada.
"Ninguém vai acreditar nisso, sabe." agora a voz dele tinha um tom de zombaria.
"Eu não vou contar pra ninguem". Eu disse cada palavra vagarosamnete, cuidadosamnete controlando a minha raiva.
A surpresa apareceu no rosto dele. "Então porque isso importa?"
"Importa pra mim" eu insistí. "Eu não gosto de mentir- então seria melhor se eu tivesse uma boa razão pra fazer isso."
"Será que você não pode só me agradecer e esquecer isso?"
"Obrigada", eu disse fumaçando e esperando.
"Você não vai desistir, vai?"
"Não."
"Nesse caso... eu espero que você gosto do desapontamento."
Nós nos olhamos em silêncio. Eu fui a primeira a quebrar o silêncio, tentando manter o foco. Eu corria o risco de me distrair com o seu rosto lívido,glorioso. Era como tentar encarar um anjo destruidor.
"Porque você se incomoda?" eu perguntei frigidamente.
Ele pausou, por um instante seu rosto estonteante ficou inesperadamente vulnerável.
"Eu não sei", ele cochichou.
Aí ele me deu as costas e caminhou pra longe de mim.
Eu estava com tanta raiva que demorou uns minutos até que eu pudesse me mover. Quando eu consegui andar, eu caminhei lentamente lentamente para a saída no final do corredor.
A sala de espera estava mais desagradável do que eu temia. Parecia que todos os rostos que eu conhecia em Forks estavam lá, me encarando. Charlie correu para o meu lado; eu levantei as mãos.
"Não tem nada de errado comigo", eu assegurei solenemente. Eu ainda estava importunada, sem o mínimo humor pra conversinha.
"O que o doutor disse?"
"Dr. Cullen me viu, e ele disse que eu estava bem e que podia ir pra casa.", eu suspirei. Mike e Jéssica e Eric estavam todos lá, começando a vir na nossa direção. "Vamos logo", eu apressei.
Charlie colocou o braço atrás das minhas costas, não necessariamente me tocando, e me guiou até as portas de vidro da saída. Eu acenei timidamente para os meus amigos, esperando convencê-los de que eles não precisavam mais se preocupar comigo.
Era um enorme alívio- a primeira vez que já me sentí assim - entra na viatura.
Nós dirigimos em silêncio. Eu estava tão presa nos meus pensamentos que praticamente nem reparei que Charlie estava lá. Eu tinha certeza que a postura defensiva de Edward era uma confirmação de todas as bizarrices que eu ainda não podia acreditar que tinha testemunhado.
Quando nós chegamos em casa, Charlie finalmente falou.
"Umm... você vai precisar ligar pra Renée", ele baixou a cabeça, em sinal de culpa.
Eu estava apática. " Você contou á mamãe!"
"Desculpe."
Eu batí a porta da viatura um pouco mais forte do que o necessário quando saí.
Minha mãe estava histérica, é claro. Eu tive que dizer a ela que estava bem pelo menos umas trinta vezes antes dela se acalmar. Ela me implorou pra voltar pra casa- esqucendo que nossa casa estava vazia naquele momento- mas as súplicas dela foram mais fáceis de resistir do que eu imaginava. Eu estava consumida pelo mistério que Edward representava. E uma pouco mais obsecada pelo próprio Edward.
Burra, burra, burra.
Eu não estava tão ansiosa pra deixar Forks quanto eu deveria estar, como qualquer pessoa normal e sã deveria estar.
Eu decidí que devir ir dormir mais cedo naquela noite. Charlie continuou cuidando de mim ansiosamente, e isso estava me deixando nervosa. Eu parei no caminho pra pegar três Tylenol no banheiro. Eles ajudaram, e quando a dor passou, eu peguei no sono.
Essa foi a primeira noite que eu sonhei com Edward Cullen.

4. Convite

No meu sonho estava muito escuro, e a pouco luz que havia lá parecia estar vindo da pele de Edward. Eu não conseguia ver ele, só as costas dele enquanto ele andava pra longe de mim, me deixando na escuridão. Não importava o quanto eu corresse, eu não conseguia acompanhá-lo; não importava o quanto eu gritasse por ele, ele nunca se virava. Confusa, eu acordei no meio da noite e não conseguí mais dormir pelo que pareceu ser um longo tempo. Depois disso, ele estava nos meus sonhos praticamente toda noite, mas sempre distante, nunca a meu alcance.
O mês que se seguiu ao acidente foi incômodo, tenso, e, a princípio, até embaraçoso.
Para meu desânimo, eu me tornei o centro das atenções pelo resto da semana.
Tyler Crowley estava impossível, me seguindo, obeseca com a idéia de me recompensar de algum modo. Eu tentei convencê-lo de que o que mais queria era que ele esquecesse o que aconteceu - especialmente já que nada aconteceu comigo - mas ele continuou insistindo.
Ele me seguiu entre as aulas e se sentou na nossa agora lotada mesa do almoço. Mike e Eric eram ainda menos amigáveis com ele do que um com o outro, o que me deixou preocupada por estar ganhando outro fã indesejado.
Ninguém pareceu preocupado com Edward, apesar de eu ter explicado milhões de vezes que ele era o herói - como ele me tirou do caminho e quase foi atingido também. Eu tentei ser convincente. Jéssica, Mike, Eric e todos os outros sempre comentavam que eles nem sequer tinham visto ele lá até que a van foi tirada do caminho.
Eu pensei comigo mesma porque ninguém havia visto ele em pé lá longe, antes que ele estivesse de repente, impossivelmente salvando a minha vida. Com pesar, eu me dei conta da possível causa - ninguém estava tão conscinte da presença de Edward quanto eu estava. Ninguém mais observava ele como eu. Que pena.
Edward nunca estava cercado de espectadores ansiosos pela sua atenção. As pessoas evitavam ele como sempre. Os Cullen e os Hales se sentavam na mesma mesa como sempre, sem comer,falando apenas uns com os outros.

Nenhum deles, especialmente Edward, olhou mais na minha direção.
Quando ele sentava perto de mim na sala, tão longe de mim quanto a mesa permitia, ele parecia totalmente alheio á minha presença. Só de vez em quando, quando os pulsos dele se apertavam - a pele ficava ainda mais branca ao redor dos ossos - eu ficava imaginando se ele estava mesmo tão inconscinte quanto queria fazer parecer.
Ele desejava não ter me tirado do caminho da van de Tyler - pra mim não havia outra conclusão.
Eu queria muito falar com ele, e no dia depois do acidente eu tentei. Na última vez que eu ví ele, fora da sala de emergência, nós dois estávamos tão furiosos. Eu ainda estava com raiva por ele não confiar em mim a ponto de dizer a verdade, apesar de eu estar cumprindo com a minha parte do trato perfeitamente. Mas ele tinha de fato salvado a minha vida, não importa como. Durante a noite a minha raiva se transformou em gratidão.
Ele já estava sentado quando eu entrei em Biologia, olhando diretamente pra frente. Ele não deu nenhum sinal de que sabia que eu estava lá.
"Olá Edward", eu disse agradavelmente, pra mostrá-lo que eu ia me comportar direitinho.
Ele virou uma fração na minha direção sem olhar pra mim, balançou a cabeça uma vez, e então olhou pro outro lado.
E esse foi o último contato que eu tive com ele, apesar dele estar lá, a um passo de mim, todos os dias. As vezes eu ficava observando ele, sem conseguir me controlar - á distância, contudo, na cafeteria ou no estacionamento. Eu observava como os seus olhos dourados ficavam perceptivelmente mais e mais pretos a cada dia. Mas na aula eu não dava mais atenção a ele do que ele dava pra mim.
Eu estava arrasada. E os sonhos continuavam.
Apesar das minhas mentiras deslavadas, a tenacidade doas meus e-mails alertaram Renée para a minha depressão, e ela ligou algumas vezes, preocupada. Eu tentei convencê-la de que era só o clima que estava me deixando pra baixo.
Mike, ao menos, parecia estar satisfeito pela óbvia frieza entre mim e meu parceiro de laboratório.
Eu podia ver que ele andava preocupado que o salvamento arriscado de Edward tivesse me impressionado, e ele parecia aliviado que pareceu ter o efeito o oposto. Ele ficou mais confiante, sentando na borda da minha mesa pra conversar antes da aula de Biologia começar, ignorando Edward tão completamente quanto ele ignorava nós dois.
A neve foi embora de vez depois daquele dia perigosamente gelado. Mike estava desapontado porque não pôde fazer a sua briga de bola de neve, mas satisfeito que a ida á praia seria o mais breve possível. A chuva, porém, continuou pesada e as semanas foram passando.
Jéssica me alertou de outro evento despontando no horizonte - ela ligou na primeira Terça-feira de Março pra pedir minha permissão pra convidar Mike para o baile da escolha das garotas dentro de duas semanas.
"Tem certeza que você não se importa...você não estava planejando convidá-lo?" ela insistiu quando eu disse que não me importava nem um pouco.
"Não Jess, eu não vou." eu garantí pra ele. Dançar estava além do alcance dasminha habilidades.
"Vai ser muito divertido", a tentativa de convite dela foi meio falsa. Eu suspeitava que Jéssica gostava mais da minha inexplicável popularidade do que da minha companhia propriamente dita.
"Se divirta com Mike", eu encoragei.
No outro dia, eu fiquei surpresa que Jéssica não estava sendo a mesma pessoa em Trigonometria e Espanhol. Ela estava quieta enquanto andava ao meu lado entre as aulas, e eu estava com medo de perguntar o por quê. Se Mike deixou ela na mão, eu seria a última pessoa pra quem ela iria querer contar.
Meus medos cresceram no almoço quando Jéssica se sentou tão longe de Mike quanto foi possível, conversando animadamente com Eric. Mike estava estranhamente quieto.
Mike ainda estava calado quando me acompanhou á aula, a expressão desconfortável no rosto dele era um mal sinal. Mas ele não tocou no assunto até que eu estava sentada e ele estava curvado sobre a minha mesa.
Como sempre, eu estava eletricamente consciente da presença de Edward sentado ao alcance do meu toque, distante como se ele fosse um fruto da minha imaginação.
"Então", Mike disse olhando pro chão, "Jéssica me convidou para o baile de primavera".
"Isso é ótimo". Eu fiz a minha voz ficar contente e entusiasmada.
"Você vai se divertir muito com a Jéssica"
"Bem...", ele gaguejou enquanto examinava o meu sorriso, claramente discontente com a minha resposta. "Eu disse a ela que precisava pensar."
"Porque você faria isso?" eu deixei a desaprovação aparecer no meu tom, apesar de estar aliviada que ele não tinha dado um não definitivo á ela.
O rosto dela estava vermelho quando ele olhou pro chão de novo. A piedade me deixou balançada.
"Eu estava imaginando se...bem, se você estava planejando me convidar."
Eu parei um segundo, odiando a onda de culpa que passou por mim. Mas eu ví, pelo canto dos meus olhos, quando um reflexo fez Edward virar a cabeça na minha direção.
"Mike, eu acho que você devia dizer sim pra ela", eu disse.
"Você já convidou outra pessoa?" Será que Edward percebeu os olhos de Mike na direção dele?
"Não," eu garantí pra ele "eu nem sequer vou ao baile."
"Porque não?", Mike quis saber.
Eu não queria falar sobre os perigos que dançar representava, então eu rapidamente inventei novos planos.
"Eu vou pra Seattle esse Sábado", eu expliquei. Eu precisava sair da cidade mesmo- de repente era o momento perfeito pra ir.
"Você não pode ir outra semana?"
"Desculpa, não", eu disse. "Então você não devia fazer Jess esperar mais- é rude."
"É, você está certa." ele murmurou, e se virou, arrasado, pra voltar pro seu lugar.
Eu fechei os meus olhos e pressionei os dedos nas minhas têmporas, tentando tirar a culpa e a pena da minha cabeça. O Sr. Banner começou a falar. Eu suspirei e abrí os olhos.
E Edward estava me olhando cheio de curiosidade, aquele mesmo olhar de frustração ainda mais distinto agora nos seus olhos pretos.
Eu olhei de volta, surpresa, esperando que ele olhasse rapidamente pra longe. Mas ao invés disso, ele continuou me olhando intensamente nos olhos. Eu não afastaria o olhar de jeito nenhum. Minhas mãos começaram a tremer.
"Sr. Cullen", o professor chamou, querendo a resposta para uma pergunta que eu não tinha ouvido.
"O ciclo dos caranguejos", Edward respondeu, parecendo relutante enquanto ele virava pra olhar para o Sr. Banner.
Eu olhei para os meus livros assim que estava livre do olhar dele, tentando me encontrar.Covarde como sempre, eu coloquei o meu cabelo sobre o meu ombro direito pra esconder o meu rosto. Eu não conseguia acreditar na onda de emoções pulsando no meu corpo - só porque ele olhou pra mim pela primeira vez em seis semanas.
Eu não podia permitir que ele tivesse esse nível de influência sobre mim. Era patético. Pior que patético, não era saudável.
Eu fiz o que pude pra não me dar conta da presença dele pela hora restante, e, já que era impossível, pelo menos fiz de tudo pra ele não se dar conta que eu me dava conta da presença dele. Quando o sinal finalmente tocou, eu me virei de costas pra ele pra juntar as minhas coisas, esperando que ele fosse embora imediatamente, como sempre.
"Bella?" a voz dele não devia soar tão familiar pra mim, como se eu conhecesse esse som por toda a minha vida e não por apenas algumas semanas.
Eu virei devagar, sem vontade. Eu não queria sentir o que eu sabia que ia sentir quando olhasse para o seu rosto mais que perfeito. A minha expressão era cautelosa quando eu finalmente me virei pra ele; a expressão dele era ilegível. Ele não disse nada.
"O que? Você já está falando comigo de novo?" eu finalmente perguntei, um pouco de petulância desintencional na minha voz.
Os lábios dele se contorceram, lutando contra um sorriso. "Na verdade não", ele admitiu.
Eu fechei meus olhos e inalei vagarosamente pelo nariz, consciente de que os meus dentes estavam se apertando. Ele esperou.
"Então o que você quer, Edward?" eu perguntei, mantendo meus olhos fechados; era mais fácil conversar coerentemente com ele desse jeito.
"Me desculpe", ele pareceu sincero."Eu estou sendo muito rude, eu sei. Mas desse jeito é melhor, mesmo."
Eu abrí meus olhos. O rosto dele estava sério.
"Eu não sei o que você quer dizer", eu disse, minha voz cautelosa.
"É melhor se nós não formos amigos", ele explicou. "Confie em mim".
Meus olhos reviraram. Eu já ouví isso antes.
"É uma pena que você não tenha descoberto isso mais cedo", eu falei entre meus dentes. "Você podia ter se poupado desse arrependimento".
"Arrependimento?", a palavra e o meu tom obviamente pegaram ele de surpresa. "Arrependimento pelo quê?"
"Por não ter simplesmente deixado aquela van estúpida passar por cima de mim."
Ele estava incrédulo. Ele me olhava em descrença.
Quando ele finalmente falou, ele parecia com raiva. "Você acha que eu me arrependo de ter salvado a sua vida?"
"Eu sei que você se arrepende." , eu disse.
"Você não sabe de nada", ele definitivamente estava com raiva.
Eu virei rapidamente a minha cabeça, prendendo a minha mandíbula pra não soltar de vez todas as acusações que tinha contra ele.
Eu juntei os meus livros, então me levantei e caminhei até a porta.
Eu planejava sair da sala dramaticamente da sala, mas é claro que eu batí a minha bota da porta e derrubei os meus livros. Eu fiquei lá por um momento, pensando em deixá-los. Então eu suspirei e me abaixei para apanhá-los. Ele estava lá; eles já tinha os colocado numa pilha. Ele me passou eles, sua expressão dura.
"Obrigada", eu disse geladamente.
Ele revirou os olhos.
"De nada", ele devolveu.
Eu me levantei, dei as costas pra ele e fui pra aula de ginástica sem olhar pra trás.
A ginástica foi brutal. Nós estavamos jogando Basquete. Meu time nunca me passava a bola, e isso era bom, mas eu caí muito. As vezes eu derrubava as pessoas comigo. Hoje eu estava pior que o normal porque minha cabeça estava cheia de Edward. Eu tentei me concentrar nos meus pés, mas ele voltava a inundar meus pensamentos quando eu mais precisava de equilíbrio.
Eu estava aliviada, como sempre, por ir embora. Eu quase corrí pro meu carro; havíam tantas pessoas que eu queria evitar. A caminhonete sofreu o mínimo de danos pelo acidente. Eu tive que trocar os faróis, e quando ela fosse pintada ficaria perfeita.
Os pais de Tyler tiveram que vender a van por partes.
Eu quase tive um ataque do coração quando ví uma silhueta alta, escura encostada na lateral da minha caminhonete. Então eu me dei conta que era só Eric. Eu comecei a andar de novo.
"Ei Eric", eu chamei.
"Oi Bella."
"O que foi?" eu disse enquanto destravava a porta. Eu não estava prestando atenção ao tom desconfortável da voz dele, então suas próximas palavras me pegaram de surpresa.
"Uh, eu estava só imaginando...se você não gostaria de ir ao baile de primavera comigo." A voz dele desapareceu na última palavra.
"Eu pensei que fosse escolha das garotas" eu disse, assustada demais pra ser diplomática.
"Bem, é..." ele admitiu, envergonhado.
Eu recuperei minha compostura e tentei sorrir docemente. "Obrigada por me convidar, mas eu vou pra Seattle nesse dia."
"Ah", ele disse. "Talvez da próxima vez."
"Claro", eu concordei e aí mordí meu lábio. Eu não queria que ele levasse isso muito a sério.
Ele foi embora, em direção á escola. Eu ouví uma gargalhada baixinha.
Edward estava passando pela minha caminhonete, olhando diretamente pra frente, seus lábios pressionados. Eu abrí a porta e pulei pra dentro, batendo ela com força atrás de mim.
Eu liguei o motor desafiadoramente e dei a ré saindo pelo corredor.
Edward já estava em seu carro, a duas vagas de distância, deslizando vagarosamente na minha frente, me atrapalhando.
Ele parou lá- pra esperar sua família; eu podia ver eles caminhando nessa direção, mas ainda perto da cafeteria. Eu pensei em arrancar o retrovisor do seu Volvo, mas haviam muitas testemunhas. Eu olhei no meu espelho retrovisor. Uma fila estava começando a se formar.
Diretamente atrás de mim, Tyler Crowley estava no seu Sentra usado, recentemente adquirido, acenando. Eu estava agitada demais pra prestar atenção nele.
Enquanto eu estava sentada lá, olhando pra todos os cantos menos pro carro na minha frente, eu ouví uma batidinha na minha janela do lado do passageiro. Eu olhei; era Tyler. Eu olhei de novo no meu retrovisor, confusa. O carro dele ainda estava ligado, a porta esquerda aberta. Eu me estendí pela cabine pra abrir a janela. Estava dura. Eu abrí até a metade, depois desistí.
"Desculpa, Tyler, eu estou presa atrás de Cullen", eu estava aborrecida- obviamente o engarrafamento não era culpa minha.
"Oh, eu sei- eu só queria te perguntar uma coisa enquanto estamos presos aqui", ele sorriu largamente.
Isso não podia estar acontecendo.
"Você vai me convidar para o baile de primavera?" ele continuou.
"Eu não vou estar na cidade Tyler", minha voz pareceu um pouco aguda. Eu tinha que lembrar que não era culpa dele que Mike e Eric já tinham acabado com a minha cota de paciência por aquele dia.
"É, Mike disse isso", ele admitiu.
"Então porque -"
Ele encolheu os ombros. "Eu estava pensando que você só não queria machucá-lo"
OK, foi culpa dele.
"Desculpe, Tyler", eu disse tentando esconder minha irritação. "Eu estou mesmo saindo da cidade"
"Tudo bem. Ainda temos o baile de fim de ano."
E antes que eu pudesse responder, ele estava caminhando de volta pro seu carro. Eu podia sentir o choque no meu rosto. Eu olhei pra frente pra ver Alice, Rosalie, Emmett e Jasper todos entrando no Volvo. No espelho retrovisor dele, os olhos de Edward estavam em mim. Ele estava inquestionávelmente se balançando de rir, como se ele tivesse ouvido cada palavra de Tyler.
Meu pé se aproximou do acelerador... um empurrãozinho não ia machucar nenhum deles, só aquela pintura prateada do Volvo. Eu acelerei o motor.
Mas eles estavam todos dentro, e Edward estava indo embora. Eu dirigí pra casa devagar, cuidadosamente, murmurando pra mim mesma durante o caminho inteiro.
Quando eu cheguei em casa, eu resolví fazer enchiladas de frango pro jantar. Era um longo processo, e me manteria ocupada. Enquanto eu estava picando as cebolas e o chili, o telefone tocou. Eu estava quase com medo de atender, mas podia ser Charlie ou minha mãe.
Era Jéssica, e ela estava exultante; Mike alcançou ela depois da escola para aceitar o seu convite. Eu comemorei brevemente com ela enquanto me movimentava. Ela tinha que desligar. Ela tinha que ligar pra Angela e Lauren pra contar a elas. Eu sugerí - com uma inocência casual- que talvez Angela, a garota tímida que tinha Biologia comigo, podia convidar Eric. E Lauren, uma garota reservada que sempre me ignorava na mesa do almoço, podia convidar Tyler; eu tinha ouvido dizer que eles estavam disponíveis. Jess achou que essa era uma ótima idéia. Agora que ela tinha certeza de Mike, ela realmete pareceu sincera quando disse que gostaria que eu fosse para o baile. Eu dei a desculpa de Seattle.
Depois que eu desliguei, eu tentei me concentrar no jantar- cortando o frango especialmente; eu não queria fazer outra visitaá sala de emergência. Mas a minha cabeça estava rodando, tentando analizar cada palavra que Edward havia dito hoje. O que ele queria dizer com , era melhor que não fôssemos amigos?
Meu estômago revirou quando eu entendí o que ele queria dizer. Ele deve ter reparado no quanto eu estava absorvida por ele; ele não deve querer que eu me engane...então não poderiamos ser amigos... porque ele não estava nem um pouco interessado em mim.
É claro que ele não estava interessado em mim, eu pensei com raiva, meus olhos pulsando- uma reação ás cebolas. Eu não era interessante. E ele era. Interessante...e brilhante...e misterioso...e perfeito...e lindo...
...E possívelmente capaz de levantar vans com uma mão só.
Bom, tudo bem. Eu podia deixá-lo em paz. Eu ia deixá-lo em paz. Eu ia suportar a sentença dada por mim mesma aqui no purgatório, e talvez alguma escola no Sul, possivelmente no Havaí ia me dar uma bolsa de estudos.
Eu me concentrei em praias ensolaradas e palmeiras enquanto terminava as enchiladas e colocava elas no forno.
Charlie pareceu desconfiado quando chegou em casa e sentiu o cheiro dos pimentões. Eu não podia culpá-lo- a única comida Mexicana próxima do comestível estava no Sul da Califórnia. Mas ele era um policial, mesmo que um policial de uma cidade pequena, então ele foi corajoso o suficiente pra dar a primeira mordida. Ele pareceu gostar. Era engraçado observar enquanto ele começava a confiar em mim na cozinha.
"Pai?" eu perguntei quando ele já estava quase acabando.
"Sim, Bella?"
"Um, só queria te dizer que eu vou pra Seattle no próximo Sábado...tudo bem?" Eu não queria pedir permissão- deixava uma má imagem- mas eu achei rude, então mudei de idéia no fim.
"Porque?", ele pareceu surpreso, como se ele não pudesse imaginar algo que Forks não pudesse oferecer.
"Bom, eu queria ir pegar alguns livros- a biblioteca daqui é bem limitada- e talvez vez algumas roupas." Eu tinha mais dinheiro do que estava acostumada, desde que, graças ao Charlie, eu não precisei comprar um carro. Não que a caminhonete não fosse cara em se tratando de gasolina.
"Essa caminhonete provavelmente não faz uma milhagem muito boa com a gasolina", ele disse fazendo um eco com os meus pensamentos.
"Eu sei, eu vou parar em Montesano e Olympia- e Tacoma se precisar."
"Você vai sozinha?", ele perguntou, e eu não conseguí dizer se ele pensava que eu tivesse um namorado secreto ou se ele só estava preocupado por causa do carro.
"Sim".
"Seattle é uma cidade grande, você pode se perder", ele disse.
"Pai, Phoenix é cinco vezes maior que Seattle- e eu sei ler um mapa, não se preocupe."
"Você quer que eu vá com você?"
Eu tentei ser profissional enquanto escondia o meu horror.
"Está tudo bem pai. Eu provavelmente estarei em provadores o dia inteiro- muito chato."
"Oh, OK". O pensamento de passar o dia inteiro sentado em lojas de roupas de mulher acalmou ele imediatamente.
"Obrigada." eu sorrí pra ele.
"Você vai estar de volta á tempo pro baile?"
Grrr. So numa cidade pequena como essa os pais sabem quando são os bailes.
"Não- eu não danço pai." Ele, de todas as pessoas,devia entender isso- eu não herdei os problemas de equilíbrio da minha mãe.
Ele entendeu. "Oh, tudo bem." Ele se tocou.
Na manhã seguinte, quando eu estacionei no estacionamento, eu deliberadamente estacionei o mais distante possível do Volvo prateado. Eu não queria cair em tentação e acabar fazendo ele merecer um carro novo. Saindo da cabine, eu deixei as chaves cairem numa poça aos meus pés. Enquanto eu me abaixava para apanhá-las, uma mão branca pegou-as num flash antes que eu pudesse tentar.
Edward Cullen estava bem na minha frente, encostado casualmente na minha caminhonete.
"Como você faz isso?"
"Faz o que?" Ele me passou as chaves enquanto falava. Quando eu ia apanhá-las ele jogou elas na palma da minha mão.
"Aparece do nada"
"Bella, não é culpa minha que você não é particularmente observadora" a voz dele era quieta como sempre- aveludada, emudecida.
Eu olhei para o seu rosto perfeito. Os olhos dele estavam claros hoje de novo, uma cor dourada da cor do mel, profunda.
Então eu tive que olhar pra baixo pra reagrupar os meus pensamentos agora confusos.
"Porque aquela pataquada no tráfego ontem?" eu perguntei de uma vez, ainda olhando pra longe. "Eu pensei que você devia estar me ignorando e não me irritando até a morte."
"Aquilo foi pro bem de Tyler, não pro meu. Eu tinha que dar uma chance a ele." ele riu silenciosamente.
"Você..." eu gaguejei. Eu não conseguí pensar numa palavra ruim o suficiente.
Eu sentí que o calor daminha raiva podia queimá-lo fisicamente, mas ele parecia estar se divertindo.
"Eu não estou fingindo que você não existe", ele continuou.
"Então você está tentando me irritar até a morte? Já que Tyler não conseguiu terminar o trabalho?"
A raiva transpareceu nos seus olhos. Os seus lábios se pressionaram até formar uma linha fina, todos os sinais de humor tinham desaparecido.
"Bella, você é muito absurda", ele disse, sua voz baixa estava fria.
Minhas palmas coçaram- eu queria tanto bater em alguma coisa. Eu estava surpresa comigo mesma. Normalmente eu não era uma pessoa violenta. Eu dei as costas e comecei a caminhar.
"Espere", ele chamou. Eu continuei andando, caminhando furiosamente pela chuva. Mas ele estava perto de mim, acompanhando o passo facilmente.
"Me desculpe por ser rude", ele disse enquanto andávamos. Eu ignorei ele. "Eu não estou dizendo que não é verdade", ele continuou, "Mas mesmo assim foi rude."
"Porque você não me deixa em paz?", eu murmurei.
"Eu queria perguntar uma coisa, mas você me desconcentrou",ele riu.
Ele parecia ter recuperado o bom humor.
"Você tem alguma disordem de múltipla personalidade?", eu perguntei severamente.
"Você está fazendo de novo".
Eu suspirei. "Tá bom, o que você quer perguntar?"
"Eu estava imaginando se no Sábado da próxima semana- você sabe, no dia do baile de primaveira-"
"Você está tentando ser engraçado ?" Eu interrompí me virando pra ele. Meu rosto ficou encharcado quando eu olhei pra cima pra ver sua expressão.
Seus olhos estavam estranhamente divertidos. "Será que você pode me deixar terminar por favor?"
Eu mordí meu lábio e juntei minhas mãos, entrelaçando meus dedos, assim eu não faria nada de que eu pudesse me arrepender.
"Eu ouví você dizendo que vai pra Seattle nesse dia, e eu estava imaginando se você quer uma carona."
Isso foi inesperado.
"O que?" Eu não tinha idéia de onde ele queria chegar.
"Você quer uma carona até Seattle?"
"Com quem?" eu perguntei, mistificada.
"Comigo, obviamente". Ele pronunciou cada sílaba, como se estivesse falando com alguém mentalmente incapacitado.
Eu ainda estava atordoada. "Porque?
"Bom, eu estava planejando ir á Seattle nas próximas semanas, e, pra ser honesto, eu não tenho certeza se o seu carro aguenta."
"Minha caminhonete funciona muito bem, obrigada pela preocupação." Eu comecei a andar de novo, mas eu estava muito surpresa pra manter o mesmo nível de raiva.
"Mas a sua caminhonete consegue chegar até lá com um tanque de gasolina?" Ele acompanhou o meu passo de novo.
"Eu não vejo como isso pode ser da sua conta." Estúpido dono do Volvo brilhante.
"O desperdício de bens findáveis é da conta de todo mundo."
"Honestamente, Edward",eu sentíuma alegria percorrer meu corpo quando eu disse o nome dele. "Eu não consigo te acompanhar. Eu pensei que você não queria ser meu amigo."
"Eu disse que seria melhor se não fôssemos amigos, não que eu não queria ser."
"Oh, obrigada, isso esclarece tudo" Sarcasmo pesado. Eu percebí que tinha parado de caminhar de novo. Estávamos sob o teto da cafeteria agora, então eu podia olhar para o seu rosto com mais facilidade. O que certamente não ajudou muito na claridade do pensamento.
"Seria mais...prudente se você não fosse minha amiga", ele explicou. "Mas eu estou cansado de tentar ficar longe de você, Bella."
Seus olhos estavam gloriosamente intensos enquanto ele pronunciava a última frase, sua voz flamejante. Eu não conseguia lembrar de respirar.
"Você vai pra Settle comigo?" ele perguntou, ainda intenso.
Eu ainda não conseguia falar, então só balancei a cabeça.
Ele sorriu brevemente, então seu rosto ficou sério.
"Você realmente devia ficar longe de mim", ele avisou. "Te vejo na aula."
Ele se virou abruptamente e caminhou pra o lugar de onde tinhamos vindo.


sexta-feira, 2 de outubro de 2009





2-LIVRO ABERTO

O outro dia foi melhor...e pior.
Foi melhor porque não estava chovendo ainda,apesar de as nuvens estarem densas e opacas.Foi mais fácil porque eu já sabia o que esperar do meu dia.Mike veio se sentar ao meu lado em Inglês,e me acompanhou até a minha próxima aula,com Eric Do Clube De Xadrez encarando ele o tempo inteiro;era uma reclamação.As pessoas não ficaram me olhando tanto quanto ontem.Eu sentei com um grande grupo que incluia Mike,Eric,Jessica e muitas outras daquelas pessoas cujos nomes e rostos eu lembrava agora.Eu comecei a sentir que agora eu andava na água, ao invés de afundar nela.
Foi pior porque eu estava cansada; eu ainda não conseguia dormir com o vento ecoando ao redor da casa.Foi pior porque o Sr.Varner me chamou em Trigonometria quando a minha mão não estava levantada e eu dei a resposta errada.Foi infeliz porque eu tive que jogar Vôlei,e na única vez que eu não fugi da bola eu atingí a minha parceira de time na cabeça com ela.E foi pior porque Edward Cullen não estava na escola.
durante a manhã inteira eu estive temendo o almoço,sentindo seus olhares bizarros.Parte de mim queria confrontá-lo e ordenar que ele disesse qual era o problema.Enquanto eu estava deitada acordada na cama,eu até imaginei o que eu diria.Mas eu me conhecia bem demais pra achar que eu teria a coragem de fazer isso.Eu fiz o leão covarde do Mágico de Oz parecer o Exterminador.
Mas quando eu entrei na cafeteria com Jéssica-tentando evitar que os meus olhos vasculhassem o lugar procurando por ele,e falhando miserávelmente- eu ví que seus quatro irmão estavam sentados juntos na mesma mesa,e ele não estava com eles.

Mike nos recebeu e nos guiou até a mesa dele.Jessica parecia alegre pela atenção,e as amigas dela rapidamente se juntaram á nós. Enquanto eu tentava ouvir a conversa fluente deles,eu estava terrivelmente desconfortável,esperando nervosamente pelo momento que ele chegaria.Eu esperava que ele simplesmente me ignorasse quando chegasse,e provasse que as minhas suspeitas eram falsas.
Ele não veio,e com o passar do tempo eu fiquei mais e mais nervosa.
Eu fui para Biologia mais confiante quando,ao final do almoço,ele ainda não havia aparecido.Mike,que estava agindo como um cão de guarda,andou fielmente ao meu lado até a sala de aula.Eu segurei o fôlego na porta,mas Edward Cullen também não estava lá.Eu exalei e fui me sentar.Mike me seguiu, falando de uma viagem á praia que estava pra acontecer.Ele se curvou na minha mesa até que o sinal tocou.Aí ele sorriu tristemente pra mim e foi sentar perto de uma garota de aparelho e com um penteado ruim.Parecia que eu teria que fazer alguma coisa em relação á Mike,e não seria fácil.Em uma cidade como essa,em que todo mundo vive em cima de todo mundo,diplomacia é essencial.Eu nunca tive muito tato;eu nunca tive muita prática em lidar com garotos amigáveis demais.
Eu estava aliviada que teria a mesa para mim mesma,que Edward estava ausente.Eu disse isso para mim mesma repetidamente.Era rudiculo, e egoísta,pensar que eu podia afetar alguém desse jeito.Era impossível.E ainda assim eu não conseguia parar de pensar que fosse verdade.
Quando o dia na escola finalmente acabou,e as minhas bochechas não estavam mais coradas por causa do incidente no Vôlei,eu rapidamente coloquei as minhas calças jeans e o meu suéter azul marinho.Eu saí correndo do vestiário feminino,contente de ver que momentaneamente eu havia conseguido afastar o meu amigo cão de guarda.
Eu caminhei rapidamente até o estacionamento.Agora estava cheio de alunos.Eu entrei na minha caminhonete e procurei na minha mochila pra ver se eu tinha tudo que eu precisava.
noite passada eu descobrí que Charlie não sabia cozinhar nada além de ovos fritos e bacon.Então eu pedí pra tomar conta dos detalhes da cozinha enquanto durasse a minha estada.Ele ficou feliz o suficiente pra me passar a chave da sala do banquete.Então eu estava com a minha lista de compras e o dinheiro do jarro no armário onde havia DINHEIRO DA COMIDA escrito,e estava á caminho da Thriftway(axu q é o nome de uma loja).
Eu dei ingnição no motor barulhento,ignorando as cabeças que viraram em minha direção e dei ré cuidadosamente e entrei na fila de carros que esperava para sair do estacionamento.Enquanto eu esperava,tentando fingir que o barulho ensurdecedor estava vindo do carro de outra pessoa,eu ví os dois irmãos Cullen e os dois gêmeos Hale entrando no carro deles.Era um Volvo novinho em folha.É claro.
Eu nunca havia reparado nas roupas deles antes-eu estav hipnotizada demais com os rostos deles.Agora que eu havia olhado,era óbvio que todos eles se vestiam excepcionalmente bem;simples,mas com roupas que claramente eram assinadas por estilistas famosos.Com os seus rostos notáveis e com o estilo com que se comportavam,eles podiam usar trapos e ainda ficarem bem.Parecia demais pra eles ter tanto beleza quanto dinheiro.Até onde eu podia dizer,era assim que a vida funcionava na maioria da vezes.No caso deles, isso não parecia ter comprado aceitação por aqui.
Não,eu não acreditava inteiramente nisso.A isolação deve ser desejo deles;eu não podia imaginar nenhuma porta que não estivesse aberta á esse grau de beleza.
Eles olharam para a minha caminhonete barulhenta quando eu passei por eles,igual a todo mundo.Eu mantive os meus olhos virados para a frente e fiquei aliviada quando finalmente estava livre da escola.
A Thriftway não era longe da escola,só algumas ruas ao sul,fora da estrada.Era bom estar dentro do supermercado;parecia normal.Eu fazia as compras em casa,e me moldei aos padrões da tarefa familiar alegremente.
A loja era grande o suficiente pra me fazer não ouvir a chuva no telhado e esquecer de onde eu estava.
Quando eu cheguei em casa,eu descarregeui as compras e enfiei elas em qualquer espaço vazio que consegui achar.Eu esperava que Charlie não se incomodasse.Eu embrulhei batatas em papel alumínio e coloquei no forno pra assar,cobri bifes com molho marinado e equilibrei-os em cima de uma caixa de ovos,em uma frigideira.
Quando eu terminei de fazer isso,eu subí com a minha mochila.Antes de começar a fazer o meu dever de casa,eu me troquei colocando uma calça seca e prendendo o meu cabelo em um rabo de cavalo,e chequei meus e-mails pela primeira vez.Eu tinha três mensagens.
"Bella",minha mãe escreveu...


ME ESCREVA ASSIM QUE CHEGAR.ME DIGA COMO FOI O SEU VÔO.ESTÁ CHOVENDO? JÁ SINTO A SUA FALTA.JÁ ESTOU QUASE TERMINANDO DE FAZER AS MALAS PARA A FLÓRIDA, MAS NÃO CONSIGO ACHAR A MINHA BLUSA ROSA.
VOCÊ SABE ONDE EU DEIXEI? PHIL DIZ OI. MAMÃE.


Eu suspirei e fui para a próxima mensagem.Foi mandada oito horas depois da primeira.
"Bella",ela escreveu...


PORQUÊ VOCÊ AINDA NÃO ME RESPONDEU? O QUE VOCÊ ESTÁ ESPERANDO?
MAMÃE.


A última foi de hoje de manhã.


ISABELLA,SE EU NÃO TIVER NOTÍCIAS DE VOCÊ ATÉ 5:30 DE TARDE DE HOJE,EU VOU LIGAR PARA CHARLIE.


Eu olhei para o rélógio.Eu ainda tinha uma hora,mas minha mãe era bem conhecida por agir precipitadamente.


MÃE
SE ACALME. EU ESTOU ESCREVENDO AGORA. NÃO FAÇA NADA IMPRUDENTE.
BELLA.


Eu enviei essa e comecei de novo.


MÃE,
TUDO ESTÁ ÓTIMO.É CLARO QUE ESTÁ CHOVENDO.EU ESTAVA ESPERANDO POR ALGO SOBRE O QUE ESCREVER.A ESCOLA NÃO É RUIM,SÓ UM POUCO REPETITIVA.EU CONHECÍ UM PESSOAL LEGAL QUE SENTA COMIGO NO ALMOÇO.
SUA BLUSA ESTÁ NA LAVANDERIA- VOCÊ DEVIA TER IDO BUSCAR ELA SEXTA FEIRA.
CHARLIE COMPROU UMA CAMINHONETE,DÁ PRA ACREDITAR? EU ADOREI.É MEIO VELHA, MAS TEM PORTE,O QUE É BOM,SABE,PRA MIM.
TAMBÉM SINTO SUA FALTA.EU VOU ESCREVER DE NOVO EM BREVE,MAS NÃO VOU FICAR CHECANDO OS MEUS E-MAILS A CADA CINCO MINUTOS.RELAXE,RESPIRE.EU TE AMO.
BELLA.
Eu decidí ler O MORRO DOS VENTOS UIVANTES-o romance que estamos estudando atualmente em Inglês- de qualquer forma era só pela diversão,e era isso que eu estava fazendo quando Charlie chegou em casa.Eu perdí a noção do tempo,e corrí para tirar as batatas do forno e colocar o bife pra grelhar.
"Bella?",meu pai chamou quando me ouviu descer as escadas.
Quem mais? Eu pensei comigo mesma.
"Oi,pai,bem vindo ao lar"
"Obrigado".Ele tirou o colete da arma e tirou as botas enquanto eu entrava na cozinha.Até onde eu sabia,meu pai nunca usou sua arma no trabalho.Mas ele a mantinha pronta.Quando eu vinha aqui quando criança ele sempre tirava as balas assim que entrava em casa.Acho que agora me considerava velha o suficiente pra não atirar em mim mesma por acidente,e não deprimida o suficiente para não atirar em mim mesma de propósito.
"O que tem para o jantar?",ele perguntou cautelosamente.Minha mãe era uma cozinheira imaginativa e os experimentos dela não eram sempre comestíveis.Eu estava surpresa,e triste,que ele parecia se lembrar daquela época.
"Bife e batatas",eu disse e ele pareceu aliviado.
Ele pareceu se sentir estranho de pé na cozinha sem fazer nada;ele foi pra a sala de estar assistir TV enquanto eu trabalhava na cozinha.Ficávamos os dois mais confortáveis desse jeito.Eu fiz uma salada enquanto os bifes grelhavam,e fiz a mesa.
Eu o chamei quando o jantar estava pronto,ele cheirou apreciadoramente enquanto entrava na cozinha.
"O cheiro é bom,Bell."
"Obrigada"
Nós comemos em silêncio por alguns minutos.Não era desconfortável. Nenhum de nós estava incomodado por estar quieto.Em alguns sentidos, nós servíamos para morar juntos.
"Então,você gostou da escola? Você fez amigos?"ele perguntou como que pra passar o tempo.
"Bem,eu tenho algumas aulas com uma garota chamada Jéssica.Eu sento com as amigas dela no almoço.E tem esse garoto,Mike,que é muito amigável.Todos parecm ser muito legais."Com uma excessão.
"Esse deve ser Mike Newton.Bom garoto- Boa família.O pai dele é dono da loja de suplementos esportivos que fica fora da cidade.Ele faz um bom dinheiro por causa daqueles mochileiros que vêm á cidade."
"Você conhece a família Cullen?" eu perguntei hesitante.
"A família do Dr.Cullen? Claro.O Dr.Cullen é um ótimo homem"
"Eles...as crianças são um pouco diferentes.Eles não parecem se adequar muito bem na escola."
Charlie me surpreendeu parecendo um pouco irritado.
"As pessoas dessa cidade." ele murmurou. "Dr.Cullen é um cirurgião brilhante que poderia provavelmente trabalhar em qualquer hospital do mundo,ganhando dez vezes mais do que o salário dele aqui." ele continuou,falando mais alto "Temos sorte por tê-lo - sorte que a esposa dele quis viver numa cidade pequena.Ele é um aditivo á comunidade e todos aqueles garotos são bem comportados e educados. Eu tive as minhas dúvidas quando eles vieram pra cá,com todos aqueles adolescentes adotados.Eu pensei que teríamos problemas com eles.Mas eles são todos muito maduros- eu nunca tive nenhuma espécie de problema com nenhum deles.Isso é mais do que eu posso dizer de algumas crianças cujas famílias viveram aqui por gerações.
E eles ficam juntos do jeito que uma família deve ficar- acampando ás vezes nos finais de semana...Só porque eles são novos na cidade as pessoa têm que ficar falando."
Foi o discurso mais longo que eu já ví Charlie fazendo.Ele deve ser fortemente contra o que quer que as pessoas estão dizendo.
Eu dei pra tras. "Eles pareceram bons o suficiente pra mim.Eu só reparei que eles ficam muito sozinhos.Eles são todos muito atraentes." eu adicionei isso tentando parecer complementar.
"Você devia ver o doutor" Charlie disse rindo "Que bom que ele é feliz no casamento.Muitas enfermeiras se esforçam em se concentrar em seus trabalhos quando ele está por perto"
Nós continuamos em silêncio até terminarmos de comer. Ele limpou a mesa enquanto eu comecei a lavar os pratos. Ele voltou para a TV, e depois que eu terminei de lavar os pratos á mão- nada de lavadora de pratos- eu subí sem vontade pra fazer o meu dever de Matemática.
A noite finalmente estava quieta. Eu caí no sono rapidamente,
exausta.
O resto da semana foi sem novidades. Eu me acostumei á rotina das aulas. Na sexta eu já era capaz de reconhecer,se não nomear,quase todos os alunos da escola. Na ginástica,os garotos do meu timeaprenderam a não me passar a bola e a entrar rapidamente na minha frente se o outro time tentasse se aproveitar da minha fraqueza. Eu ficava alegremente fora do caminho deles.
Edward Cullen não voltou á escola.
Todos os dias eu observava ansiosamente quando os outros Cullen entravam na cafeteria sem ele. Então eu podia relaxar e aproveitar a conversa da hora do almoço. Na maioria das vezes a coversa era sobre uma viagem ao Prque Oceanográfico de La Push dentro de duas semanas que Mike estava planejando. Eu fiu convidada e tive que aceitar,mais por educação que por vontade. Praias têm que ser quentes e secas.
Na sexta eu já me sentia confortável entrando na sala de Biologia, sem me preocupar que Edward pudesse estar lá.
Até onde eu sabia,ele havia desistido da escola. Eu tentei não pensar nele,mas eu não podia suprimir totalmente a preocupação de que eu pudesse ser a responsável por sua ausência,por mais ridiculo que parecesse.
Meu primeiro fim de semana em Forks passou sem incidentes. Charlie,
desacostumado á ficar na casa normalmente vazia,trabalhou a maior parte do fim de semana. Eu limpei a casa,adiantei o dever de casa e escreví mais e-mails com bobagens alegres para a minha mãe. Eu dirigí até a biblioteca pública no sábado,mas o estoque era tão pobre que eu nem me encomodei em fazer um cartão;eu teria que arranjar uma data pra visitar Olympia ou Seattle em breve e achar uma boa loja de livros.
Eu pensei á toa quantas milhas a caminhonete faria com um litro de gasolina...e tremí com o pensamento.
A chuva permaneceu leve durante o fim de semana,quieta,então eu pude dormir bem.
As pessoas me cumprimenteram no estacionamento da escola na segunda de manhã. Eu não sabia todos os nomes deles,mas eu acenei de volta e sorrí pra todos. Esta manhã estava mais frio,mas felizmente não chovendo. Em Inglês,Mike sentou no assento de costume ao meu lado.
Tivemos uma arguição sobre O Morro dos Ventos Uivantes,eu estava adiantada,muito fácil.
Tudo por tudo,eu estava me sentindo muito mais confortável do que eu imaginei que sentiria a esse ponto. Mais confortável do que eu jamais esperei me sentir aqui.
Quando saímos da sala, o ar estava cheio de pedaços brancos rodando.
Eu podia ouvir as pessoas gritando excitadamente umas para as outras. O vento mordeu minhas bochechas,meu nariz.
"Uau", Mike disse, "Está nevando."
Eu olhei para os pedacinhos de algodão que estavam se alojando na calçada e dançando errôneamente enquanto passavam pelo meu rosto.
"Eca". Neve. Lá se vai meu bom dia.
Ele pareceu surpreso."Você não gosta de neve?"
"Não,significa que está frio demais para chover". Obvio. "Além do mais,eu pensei que elas deviam descer como flocos- sabe, unicos e essa coisa toda. Esses parecem contonetes usados."
"Você nunca viu a neve cair?" ele perguntou sem acreditar.
"Claro que já." eu pausei "na TV."
Mike riu,e então uma grande,molhada bola de neve derretendo atingiu a parte de trás da sua cabeça. Eu tinha minhas suspeitas sobre Eric, que estava andando pra longe, de costas pra nós- na direção errada para a sua próxima aula. Aparentemente,Mike era da mesma opinião. Ele se curvou e começou a juntou uma pilha de neve branca.
"Eu te vejo no almoço tá?" Eu continuei caminhando enquanto falava.
"Quando as pessoas começam a atirar coisas molhadas, eu vou pra dentro"
Ele só acenou com a cabeça,seus olhos na figura se distanciando de Eric.
Durante a manhã,todos falavam excitadamente sobre a neve; aparentemente era a primeira nevasca do ano. Eu mantive minha boca fechada. Claro,era mais seca do que a chuva- até que derretia nas suas meias.
Eu caminhei em alerta para a cafeteria com Jéssica. As bolas de neve voavam por todo lugar. Eu mantive uma pasta na minha mão,pronta para usá-la como escudo se necessário. Jessica achou hilário,mas algo na minha expressão não permitiu que ela mesma me atingisse com uma bola de neve.
Mike nos alcansou quando passamos pela porta,rindo,com gelo derretendo pelos seus cabelos arrepiados. Ele e Jéssica converssavam animadamente sobre a guerra de neve quando entramos na fila para comprar a comida. Eu olhei para a mesa no canto por puro hábito. E congelei onde eu estava. Haviam cinco pessoas na fila.
Jéssica me puxou pelo braço.
"Alô? Bella? O que você quer?"
Eu olhei para baixo; minhas orelhas estavam quentes. Eu não tinha motivos para me sentir constrangida,eu lembrei a mim mesma. Eu não fiz nada errado.
"Qual o problema com Bella?", Mike perguntou a Jéssica.
"Nada",eu respondí."Hoje eu só quero um refrigerante".Eu me aproximei do fim da fila.
"Você não está com fome?",Jéssica perguntou.
"Na verdade, eu estou me sentindo um pouco enjoada.",eu falei,meus olhos ainda no chão.
Eu esperei que eles pegassem suas comidas,e então segui eles até a mesa,meus olhos nos meus pés.
Eu bebi o meu refrigerante devagar,meu estômago revirando. Mike perguntou duas vezes,com preocupação desnecesséria,como eu estava me sentindo. Eu disse a ele que não era nada,mas estava imaginando se eu deveria usar isso como desculpa para fugir para a enfermaria e ficar lá durante a próxima hora.
Ridículo. Eu não devia precisar fugir.
Eu decidí me permitir dar uma olhada para a mesa da família Cullen.
Se ele estivesse me encarando,eu iria faltar Biologia como a covarde que eu era.
Eu mantive minha cabeça abaixada e olhei pra cima por baixo dos meus cílios. Nenhum deles estava olhando na minha direção. Eu levantei a cabeça um pouco.
Eles estavam rindo. Edward,Jasper e Emmett todos eles estavam inteiramente cobertos com neve derretendo. Alice e Rosalie se afastaram enquando Emmett balançava o cabelo pingando dele na direção delas. Eles estavam aproveitando o dia de neve,igual a todo mundo- só que eles pareciam mais com a cena de um filme do que o resto de nós.
Mas,sem contar os risos e brincadeira,havia algo diferente, e eu não
conseguia apontar qual era essa diferença. Eu examinei Edward mais cuidadosamente. A pele dele estava menos pálida,eu decidí- talvez corada pela guerra de neve- os círculos embaixo dos olhos dele estavam muito menos visíveis. Mas havia algo mais. Eu refletí,
encarando,tentando notar a diferença.
"Bella,pra onde você tá olhando?",Jéssica se intrometeu,acompanhando
os meus olhos. Nesse preciso momento os olhos dele brilharam e se encontraram com os meus.
Eu deixei minha cabeça cair,deixando meus cabelos cairem pra cobrir meu rosto. Eu tinha certeza,no entanto,no momento que nossos olhos se encontraram, que ele não parecia severo ou hostil como ele estava da última vez que eu o ví. Ele parecia curioso de novo, insatisfeito de alguma forma.
"Edward Cullen está te encarando",Jéssica deu uma risadinha no meu ouvido.
"Ele não parece estar com raiva parece?",eu não pude deixar de perguntar.
"Não",ela respondeu parecendo confusa com a minha pergunta."Ele deveria estar?"
"Eu acho que ela não gosta de mim",eu confidenciei. Eu me sentí enjoada. Eu coloquei minha cabeça abaixada no meu braço.
"Os Cullen não gostam de ninguém...bem,eles não prestam atenção suficiente em ninguém pra gostar deles. Mas ele ainda está te encarando."
"Pare de olhar pra ele", eu sussurei.
Ela sorriu mas parou de olhar pra ele. Eu levantei minha cabeça o suficiente pra ter certeza que ela faria isso,disposta a usar de violência se ela se opusesse.
Mike nos interrompeu- ele estava planejando uma batalha épica do temporal no estacionamento da escola e queria que nós nos juntássemos. Jéssica concordou alegremente.
O jeito como ela olhava para Mike não deixou muitas dúvidas de que ela toparia qualquer coisa que ele propusesse. Eu fiquei em silêncio. Eu teria que me esconder no ginásio até que o estacionamento estivesse vazio.
Pelo resto do horário do almoço eu mantive meus olhos muito cuidadosamente na minha própria mesa. Eu estava decidida a honrar o negócio que fiz comigo mesma. Já que ele não parecia estar com raiva
eu podir ir para a aula de Biologia. Meu estômago deu cambalhotas quando eu pensei em sentar perto dele de novo.
Eu não queria muito ir para a sala de aula com Mike como sempre- ele parecia ser um alvo popular para os atiradores de bolas de neve-
mas quando nós foi para a porta,todos menos eu gemeram em coro.
Estava chovendo,lavando todos os traços de neve, levando-a embora em uma tira de gelo que se estendia pela calçada. Eu levantei meu capuz,secretamente satisfeita. Eu estaria livre para ir direto pra casa depois da Ginástica.
Mike continuou uma sequência de reclamações no caminho para o prédio quatro.
Uma vez dentro da sala de aula, eu ví aliviada que a minha mesa continuava vazia. A aula não começou por alguns minutos e a sala zumbia com a conversa.Eu mantive os meus olhos longe da porta, batucando á toa na capa do meu caderno.
Eu ouví muito claramente quando a cadeira próxima a mim se moveu, mas os meus olhos se mantiveram cautelosamente no que eu estava fazendo.
"Olá",disse uma voz calma,musical.
Eu olhei pra cima,abismada porque ele estava falando comigo. Ele estava sentando tão longe de mim quanto a mesa permitia,mas sua cadeira estava virada pra mim. O cabelo dele estava pingando de tão molhado,desgrenhado- mesmo assim, parecia que ele havia acabado de gravar um comercial de gel pra cabelo. Seu rosto estonteante era amigável,aberto,um leve sorriso nos seus lábios indefectíveis. Mas seus olhos eram cautelosos.
"Meu nome é Edward Cullen",ele continuou. "Eu não tive a oportunidade de me apresentar na semana passada. Você deve ser Bella Swan."
Minha mente estava girando de tão confusa. Eu inventei a coisa toda?
Ele era perfeitamnete educado agora. Eu tinha que falar;ele estava esperando. Mas eu não consegui pensar em nada convencional pra dizer.
"C-como você sabe o meu nome?",eu gaguejei.
Ele sorriu um sorriso leve,encantador.
"Oh, eu acho que todo mundo sabe o seu nome. A cidade inteira esteve esperando você chegar"
Eu fiz uma careta. Eu sabia que havia sido algo assim.
"Não",eu insistí estupidamente."Eu quis dizer,porque você me chamou de Bella?"
Ele pareceu confuso. "Você prefere Isabella?"
"Não,eu gosto de Bella", eu disse. "Mas Charlie- quer dizer meu pai- deve me chamar de Isabella pelas costas- é assim que todos parecem me conhecer",eu tentei explicar,me sentindo como a mais burra entre as burras.
"Oh",ele deixou sair. Eu olhei pro outro lado me sentindo estranha.
Por sorte,o Sr. Banner começou a aula nessa hora. Eu tentei me concentrar na experiência que faríamos na hoje. Os slides na caixa estavam fora de ordem. Trabalhando como parceiros de laboratório, nós tinhamos que separar os slides em tipos de raizes das espécies de células das fases da mitose que eles representavam e etiquetálas adequadamente. Nós não podíamos usar os nosso livros. Em vinte minutos ele voltaria pra ver quem havia acertado.
"Comecem", ele ordenou.
"Primeiro as damas,parceira?" Edward perguntou. Eu olhei pra cima pra vê-lo sorrindo um sorriso tão lindo que eu não podia fazer nada além de olhar pra ele como uma idiota.
"Ou eu posso começar,se você quiser". O sorriso sumiu;ele estava obviamente imaginando se eu era mentalmente competente.
"Não", eu disse ficando corada. "Eu vou na frente."
Eu estava me mostrando,só um pouquinho. Eu já havia feito essa experiência,e eu sabia o que eu estava procurando. Só podia ser fácil. Eu coloquei o primeiro slide no lugar embaixo do microscópio e ajustei a lente para o objetivo de 40 X. Eu estudei o slide brevemente.
Minha avaliação foi confiante."Prófase."
"Você se importa se eu der uma olhada?",ele perguntou quando eu comecei a remover o slide. Amão dele segurou a minha, para me parar,
quando ele perguntou. Os dedos dele eram frios como gelo,como se ele tivesse colocado-a no gelo antes de entrar na sala de aula. Mas não foi por isso que eu puxei minha mão tão rápido. Quando ele tocou minha mão,eu sentí uma punção como se uma corrente elétrica tivesse passado por nós.
"Me desculpe",ele murmurou tirando sua mão imediatamente. No entanto,ele continuou tentando alcansar o microscópio. Eu observei ele,ainda vacilante,enquanto ele examinava o microscópio por um tempo ainda menor do que eu.
"Prófase",ele concordou,escrevendo cuidadosamente no primeiro espaço em branco da nossa folha de trabalho. Ele rapidamente trocou o primeiro slide pelo segundo,e então olhou curiosamente para ele.
"Anáfase",ele murmurou,escrevendo no papel enquanto falava.
Eu mantive minha voz indiferente."Posso?"
Ele sorriu maliciosamente e me passou o microscópio.
Eu olhei pela lente ansiosamente,só pra me disapontar. Droga,ele estava certo.
"Slide três?",eu levantei minha mão sem olhar pra ele.
Ele me passou;parecia que ele estava sendo cuidadoso para não tocar minha pele de novo.
Eu dei a olhada mais rápida que eu consegui.
"Intérfase".Eu passei o microscópio antes que ele pudesse pedir. Ele deu uma olhada rápida e então escreveu. Eu podia ter escrito enquanto ele olhava sua escrita limpa e elegante me intimidou. Eu não queria sujar a folha com os meus garranchos desajeitados.
Nós terminamos antes que qualquer outra pessoa estivesse perto. Eu podia ver Mike e sua parceira comparando dois slides de novo e de novo, e outro grupo tinha aberto o livro por debaixo da mesa.
Isso não me deixou outra alternativa a não ser tentar não olhar pra ele...sem sucesso. Eu olhei pra cima,e ele estava olhando pra mim, aquele inxplicável olhar de frustração nos seus olhos. De repente eu percebí qual era a súbita diferença no rosto dele.
"Você usa lentes de contato?",eu soltei sem pensar.
Ele pareceu confuso pela minha pergunta inesperada. "No".
"Oh",eu murmurei."Eu achei que havia algo diferente nos seus olhos."
Ele encolheu os ombros e olhou pra longe.
De fato,eu tinha certeza que algo estava diferente. Eu lembrava vividamente aquela cor negra nos olhos dele na última vez que ele olhou pra mim- a cor era facilmente notável em contraste com a sua pele pálida e seu cabelo ruivo.Hoje os olhos dele tinham uma cor completamente diferente:um ocre estranho,mais escuros que Whisky, mas com a mesma tonalidade dourada. Eu não entendia como isso podia estar acontecendo,a não ser que por algum motivo ele estivesse mentindo sobre as lentes de contato. Ou talvez Forks estivesse me deixando louca no sentido literal da palavra.
Eu olhei pra baixo. As mãos dele estavam apertadas contras os punhos de novo.
O Sr.Banner veio até a nossa mesa nessa hora,pra ver porque não estavamos trabalhando. Ele olhou por cima dos nossos ombros para ver a experiência completa,e então olhar ainda mais atentamente para checar as respostas.
"Então,Edward,você não achou que Isabella podia ter uma chance com o microscópio?", o Sr.Banner perguntou.
"Bella.",Edward corrigiu automaticamente. "Na verdade,ela identificou três dos cinco."
Sr.Banner olhou pra mim agora,sua expressão era cética.
"Você já fez essa experiência antes?",ele perguntou.
Eu sorrí timidamente, "Não com raízes de cebola."
"Blastula de peixe branco?"
"É"
Sr. Banner concordou com a cabeça."Você estava numa colocação avançada no programa de Phoenix?"
"Sim."
"Bem",ele disse depois de um momento. "Eu acho que é bom que vocês dois são parceiros de laboratório.",ele murmurou algo mais enquanto ia embora. Depois que ele foi embora,eu comecei a batucar no meu caderno de novo.
"É uma pena sobre a neve,não é?" Edward perguntou. Eu tinha a sensação de que ele estava se esforçando pra conversar bobagens comigo. A paranóia me atingiu de novo. Era como se ele tivesse ouvido minha conversa com Jéssica no almoço e estivesse tentando provar que eu estava errada.
"Não muito",eu respondí honestamente,ao invés de tentar ser normal como todo mundo.Eu ainda estava tentando desalojar o estúpido sentimento de suspeita e não conseguia me concentrar.
"Você não gosta do frio." Não era uma pergunta.
"Ou do molhado."
"Forks deve ser difícil de viver pra você",ele meditou.
"Você não faz idéia",eu murmurei obscuramente.
Ele pareceu fascinado pelo que eu disse,por algum motivo que eu não podia imaginar. O rosto dele era uma distração tão grande que eu tentei não olhar pra ele mais do que a cortesia pedia.
"Então, porque você veio pra cá?"
Ninguém havia me perguntado isso- não diretamente como ele perguntou,exigente.
"É...complicado."
"Eu acho que consigo acompanhar",ele pressionou.
Eu pausei por um longo momento,e então cometí o erro de encontra o seu olhar. Seus olhos dourados escuros me confundiram,e eu respondí sem pensar.
"Minha mãe casou novamente",eu disse.
"Isso não parece tão complicado",ele discordou, ma de repemte estava simpático. "Quando isso aconteceu?"
"Setembro passado",minha voz pareceu triste até para mim mesma.
"E você não gosta dele",Edward presumiuseu tom ainda gentil.
"Não,Phil é legal.Talvez novo demais,mas legal o suficiente"
"Porque você não ficou com eles?"
Eu não conseguia compreender o seu interesse,mas ele continuou a me olhar com olhos penetrantes,como se a história chata da minha vida fosse de alguma forma vitalmente importante.
"Phil viaja muito.Ele joga bola pra se sustentar." Eu dei um meio-sorriso.
"Eu já ouví falar dele?",ele perguntou,sorrindo em resposta.
"Provavelmente não. Ele não joga bem .Só na menor liga. Ele se muda muito."
"E sua mãe te mandou pra cá pra poder viajar com ele."ele disse novamente como uma suposição,não uma pergunta.
Meu queixo levantou uma fração, "Não, ela não me mandou,eu mandei a mim mesma"
As sobrancelhas dele se encontraram."Eu não entendo.",ele admitiu e pareceu excessivamente frustrado com o fato.
Eu suspirei. Porque eu estava explicando isso pra ele?
Ele continuou a me encarar com obvia curiosidade.
"No início ela ficou comigo,mas ela sentia a falta dele. Eu a fiz infeliz,então eu decidí que estava na hora de passar umas horas de qualidade com Charlie." Minha voz estava mal-humorada quando eu terminei.
"Mas agora você está infeliz",ele apontou.
"E?",eu desafiei.
"Isso não me parece justo",ele encolheu os ombros mas seus olhos ainda estavam intensos.
Eu sorrí sem humor. "Nunca te contaram? A vida não é justa."
"Eu acredito que eu já tinha ouvido isso antes",ele concordou secamente.
"Então isso é tudo" eu insistí,me perguntando porque ele ainda estava me olhando daquele jeito.
O olhar dele se tornou avaliativo. "Você faz um belo show",ele disse vagarosamente. "Mas eu seria capaz de apostar que você está sofrendo mais do que deixa os outros verem."
Eu fiz uma careta pra ele,tentando comtrolar o impulso de mostrar minha língua pra ele como uma criança de cinco anos e olhei pro outro lado.
"Estou errado?"
Eu tentei ignorá-lo
"Eu acho que não",ele disse.
"Porque isso importa pra você?,eu perguntei irritada. Eu mantive os olhos distantes,observando o professor andando pela sala.
"Essa é uma pergunta muito boa",ele murmurou,tão baixo que eu imaginei se ele estaria falando consigo mesmo. Porém,depois de algund minutos de silêncio, eu percebí que essa era a única resposta que eu receberia.
Eu suspirei e olhei para o quadro negro carrancuda.
"Eu estou te aborrecendo?",ele me perguntou parecendo divertido
Eu olhei pra ele sem pensar...e disse a verdade de novo. "Não exatamente. E u estou aborrecida comigo mesma. Meu rosto é tão fácil de ler- minha mãe sempre me chama de livro aberto.",eu fiz cara feia.
"Pelo contrário,eu acho você bem difícil de ler". Apesar de tudo o que eu disse e de tudo que ele advinhou,ele parecia sincero.
"Você deve ser um bom leitor então",eu repliquei.
"Geralmente",ele sorriu largamente,mostrando uma série de dentes perfeitos e super brancos.
Sr.Banner pediu ordem na sala, e eu me virei aliviada para ouvir.
Eu não conseguia acreditar que eu havia acabado de explicar minha vida melancólica para esse bizarro e lindo garoto que pode ou não me desprezar. Ele pareceu absorvido pela nossa conversa,mas agora eu podia ver pelo canto do meu olho,que ele estava se mantendo longe de mim de novo,as mãos dele agarrando a borda da mesa,com inegável tensão.
Eu tentei fingir que prestava atenção enquanto o Sr.Banner explicava com transparências no projetor,o que eu havia visto antes com dificuldade pelo microscópio. Mas os meus pensamentos eram indóceis.
Quando o sinal finalmente tocou,Edward correu tão rapidamente e graciosamente da sala como na segunda feira passada. Eu o observei maravilhada.
Mike pulou rapidamente pra o meu lado e pegou os meus livro pra mim. Eu imaginei com um rabinho balançando.
"Aquilo foi horrível",ele gemeu. "Todos eles pareciam exatamente iguais.Você tem sorte por ter Cullen como parceiro."
"Eu não tive nenhum problema"eu disse,com raiva pela suposição dele.Eu me arrependí do esnobismo na hora. "Eu já havia feito essa experiência",eu falei antes que eu pudesse magoar os sentimentos dele.
"Cullen pareceu amigável o suficiente hoje",ele comentou enquanto vestíamos os casacos de chuva.Ele não pareceu feliz com isso.
Eu tentei parecer indiferente:"Eu me pergunto qual era o problema dele na segunda passada."
Eu não consegui me concentrar na conversa de Mike enquanto caminhávamos para a aula de Eduacação Física,e também não fiz muito pra me manter concentrada. Ele nobremente cobriu a minha posição e a sua própria,então eu só saia da minha posição quando era a minha vez de sacar. O meu time se abaixava e saia do caminho sempre que era a minha vez.
A chuva era só uma névoa quando eu caminhei para o estacionamento,mas eu estava mais contente quando eu entrei na cabine seca. Eu liguei o aquecedor,pela primeira vez sem me importar com o barulho ensurdecedor do motor. Eu baixei o zíper do meu casaco,baixei o capuz e afofei meu cabelo para que o aquecedor o secasse no caminho pra casa.
Eu olhei ao redor pra ter certeza de que o caminho estava limpo. Foi aí que eu ví a figura ereta,branca. Edward Cullen estava enconstado na porta do seu Volvo á três carros de distância de mim e olhando atentamente na minha direção.
Eu rapidamente olhei pra longe e dei a ré na caminhonete quase batendo num Toyota Corolla na minha pressa.
Pra sorte do Corolla,eu pisei no freio a tempo. Esse é exatamente o tipo de carro que o meu carro deixaria em pedacinhos. Eu respirei fundo,olhando pra fora pelo outro lado do meu carro,e cautelosamente tirei o carro,com mais sucesso.
Eu olhei direto para a frente quando eu passei pelo Volvo,mas pela minha visão periférica,eu poderia jurar que ví ele rindo.