quinta-feira, 2 de abril de 2009

Luto ;/


Lamento informar
Que faleceu hoje
De coração crescido,
Gigantismo, macrossomia
(E outros exageros)
O nosso pobre amor.
É certo que não foi
Morte súbita.
Padeceu sua via crucix,
Ora se sentido o Belo Antônio,
Ora vendo-se o Corcunda de Notredame,
Por vezes convencido de estar em caminho certo,
Por outras perdido em irreconhecíveis veredas.
Desce à sepultura, ao sol poente,
Arrastando consigo
Todo seu espólio:
1.430 noites de lua,
948 olhares e sorrisos,
725 taças de vinho,
725 beijos vermelhos,
582 poemas entristecidos,
Meia dúzia de poemas felizes
E algumas míseras certezas.
Foi, enquanto viveu, um bravo.
Mais que isso, um puro Exemplar.
Mereceu, o que muito o comoveu,
Divinos elogios de Eros,
Sublimes palmas de travessos cupidos
E o ódio sincero de Cassandra.
Sua lembrança, por certo, perdurará,
Pelo pouco, na saudade de algúem.
A não ser que sua morte provoque,
(O que ainda não está comprovado)
O desaparecimento de serras, luas,
estrelas e estradinhas bucólicas.

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