domingo, 29 de março de 2009

Território masculino

Mais do que manter a barba feita e o cabelo aparado, o homem contemporâneo procura no salão serviços e tratamentos criados sob medida para atender às suas necessidades




A vontade de se cuidar e estar sempre bem deixou de ser privilégio dos metrossexuais. Se antes freqüentavam a barbearia do bairro, os homens de hoje dividem espaço com as mulheres no salão e vão muito além do básico corte. Coloração, manicure, massagem, limpeza de pele e banho de ofurô são apenas alguns dos serviços oferecidos a esse público exigente e, na maioria das vezes, mais fiel que o feminino. “Quando o cliente se identifica com o ambiente e o profissional, ele sempre volta”, afirma Michele Marin, gerente do Cléber Lopes Beauty & Life Institute, em São Paulo.

Discrição e privacidade costumavam ser pontos fundamentais para a conquista dessa clientela, mas esse conceito vem mudando. O Spazio dell Uomo, no Centro do Rio de Janeiro, por exemplo, abriu as portas há mais de três anos com a proposta de ser um espaço exclusivamente masculino, voltado para executivos e profissionais liberais que circulam naquela região. Porém, há pouco tempo, se rendeu às mulheres. “Os dois públicos convivem em harmonia, pois são atendidos em salas separadas. Nas áreas comuns, como no bistrô e na adega, rola até uma paquera”, conta a proprietária e gerente Jacira Pitta. Na opinião do cabeleireiro Sandro Cassolari, do L’Autre Femme, em São Paulo, a barreira entre os sexos no salão já foi quebrada. “Os homens até preferem dividir espaço com as mulheres. Percebo que eles admiram a vaidade feminina e o jeito como elas se cuidam”, diz. O hairstylist Caetano Gusmão, do Fashion Clinic, no Rio de Janeiro, concorda e emenda: “Acabou essa história de ‘clube da Luluzinha’. Eles adoram estar entre elas, pois se sentem num harém”.

Campeão de audiência

O corte de cabelo continua liderando a lista dos serviços mais procurados. Segundo Sandro Cassolari, a moda pede o estilo mais repicado e desfiado. “Procuro conhecer os hábitos e a personalidade do meu cliente para criar um visual moderno, porém de acordo com a realidade dele”, diz o especialista. Franja mais longa e costeletas não muito compridas também estão em alta. “Hoje em dia vale quase tudo. Só não acho legal a nuca muito certinha, desenhada”, comenta Caetano Gusmão.

Para valorizar o efeito dos cortes, usar um bom finalizador é fundamental e a indicação feita pelo profissional é o que mais pesa na hora de escolher o produto ideal. “Os clientes seguem direitinho o que eu recomendo, inclusive sobre a maneira de aplicar”, diz Caetano. Pomada, cera e gel estão na lista dos produtos mais usados pelo público masculino. “Ao contrário de antigamente, hoje existem muitas opções de fórmulas que garantem um efeito natural e não pesam no cabelo. Particularmente, prefiro as pomadas à base de água, que saem facilmente com a lavagem”, explica Sandro Cassolari.
Menos é mais

Se no quesito corte o homem se permite ousar, quando o assunto é coloração a questão fica mais delicada. Tons discretos e luzes suaves têm a preferência desse público, que resiste ao mundo das tintas e dos pincéis. Talvez por isso o reflexo invertido seja o serviço de cor mais pedido nos salões. A técnica é indicada para quem tem fios grisalhos ou totalmente brancos e consiste em fazer mechas finas ao redor da cabeça usando uma nuance próxima ao tom natural. “Os reflexos disfarçam os brancos, sem deixar aparência artificial”, diz Caetano Gusmão. Outro serviço muito procurado é a lavagem para remover o amarelado dos grisalhos. “Os fios ficam impregnados com a fumaça do cigarro e a poluição e xampus específicos tiram o tom amarelo e devolvem o brilho”, explica Esther Gonçalves, proprietária do Barber Beauty, no Rio de Janeiro. A manutenção do tratamento tem de ser feita em casa.

Unhas de homem

Depois dos tratamentos capilares, os cuidados com as mãos e os pés lideram a vaidade masculina. O ateliê de beleza Artisalus, em São Paulo, oferece serviços específicos, como a Manicure Uomo. O procedimento é feito com uma lixa grossa, pois a estrutura das unhas do homem é mais forte. Outro diferencial são os produtos para hidratar e exfoliar, que em geral têm pouco perfume e não são oleosos. “Eles detestam ficar com a pele grudando”, explica Vânia Ribeiro, gerente e proprietária do espaço. Para os pés, o destaque é a Podologia Spa. Além dos cuidados clássicos, o tratamento vem acompanhado de exfoliação, hidratação profunda com vaporizador e máscara, massagem e reflexologia.

Pele de seda

Hidratação facial, limpeza de pele, peeling e tudo que diz respeito ao tratamento do rosto há muito deixou de ser preocupação só das mulheres. De olho nessa demanda, a rede Jacques Janine criou o Belman, serviço destinado aos homens, que reúne diferentes procedimentos. A primeira etapa consiste em higienizar a face com sabão neutro. Em seguida, a esteticista promove uma leve descamação da pele com o peeling diamantado, que elimina manchas superficiais e linhas de expressão. Na seqüência, é feita massagem com bolas frias, para revitalizar, seguida de aplicação de gel com vitamina C e de máscara à base de caviar e colágeno. Para finalizar, a profissional passa tônico e filtro solar não gorduroso. “A idéia de lançar o Belman veio para suprir as necessidades dos nossos clientes”, diz a diretora Janine Goossens.

Relax total

Quando o assunto é tratamento corporal, os homens só querem saber de relaxar. No Cleber Lopes Beauty & Life Institute, em São Paulo, o banho de ofurô com vinho, também chamado vinhoterapia, faz o maior sucesso. “O tratamento desintoxica o corpo e promove bem-estar. E o cliente ainda pode degustar uma taça da bebida no final”, diz a gerente Michele Marin. No Spazio dell Uomo, no Rio de Janeiro, a procura pelas massagens é grande. Entre elas, a drenagem linfática vem ganhando adeptos. Segundo a fisioterapeuta Cida Machado, o procedimento é indicado para quem passa muito tempo sentado, pois melhora a circulação linfática e venosa, diminuindo o inchaço das pernas. “O cliente que experimenta sente um grande alívio e se torna fã”, garante.



Por Elisa Ayres

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